quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Choque de realidade...




Um destes dias, combinei com uma colega de faculdade e amiga de longa data encontrarmo-nos no Shopping para trocarmos a prenda de Natal, conversarmos um pouco e darmos uma "voltinha"...

Depois de comprarmos umas prendinhas e um telemóvel para cada uma de nós (não sei como ela comprou, visto que é uma forreta do piorio, se bem que comprou o telemóvel mais barato só pra meter o cartão tag. Eu comprei um touchscreen rosa bebé ultra moderno) estávamos a comentar a dificuldade que tive para pagar porque o meu cartão não funcionava, e digo eu:

- O meu cartão é novo e mesmo assim já está todo estragado. Este quadradinho (chip) já está preto e só me mandam um novo p'ro ano!

Ao que a minha colega com ar admirado diz:

- CARALHO! Passas assim tanto o cartão???



(...)



(Silêncio)



(...)



(Constatação de que poderá ser uma realidade...)



- Errr... Uhmmmm... Nunca tinha pensado nisso!!!



PS- Peço desculpa pelo palavreado, mas queria reproduzir fielmente o episódio...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Feliz Natal ou Frohe Weihnachten!

Tudo começou num impulso. Falei com o meu amigo Lars no Facebook e mais uma vez queixei-me que precisava de férias e de uma mudança de ares. Ele convidou-me a conhecer a sua cidade e eu só tive que convencer a minha amiga Ju a ir junto…

Para aproveitar os feriados de Dezembro eu e a Ju decidimos fazer umas mini-férias em Berlim. E assim, depois de conseguir uma verdadeira pechincha a 3 voos de distância demos início à nossa cruzada europeia. Porquê Berlim? É uma grande metrópole, cheia de glamour, com grande espírito natalício e lojas fantásticas. Alem disso é mais fácil convencer a Ju a embarcar em 3 voos até Berlim do que atravessar o atlântico em 10h de voo até NY.

A viagem foi um óptimo pretexto para realizar umas comprinhas de última hora, afinal nós portugueses não estamos devidamente equipados para o inverno do centro europeu e para as temperaturas negativas. Assim, numa tarde animada passamos o cartão várias vezes e voltamos a casa com imensos sacos de compras. Adoro os acessórios de inverno, luvas, gorros, lenços… é um mundo novo e desconhecido. E os collants? Quem diria que podiam ser tão chiques e confortáveis. Entrei na Woman Secret’s para comprar umas perneiras e saí com uns conjuntinhos com motivos de natal, 3 perneiras e umas pantufas quentinhas :)

O primeiro desafio foi restringir a bagagem a 20k, um drama, se contarmos com o quanto pesam o casacos de inverno e botas, mesmo para uma viagem de 4 dias. Além disso a mala mesmo vazia pesa uns bons 5k, logo, na verdade levamos pouquíssimas coisas. Fomos advertidas para a personalidade pouco receptiva do povo alemão mas não nos deixamos intimidar e levamos uma boa dose de confiança na bagagem.
A viagem começou atribulada logo no check-in. Além de “apitar” da cabeça aos pés (quem vai viajar com tanto metal depois do 11 de Setembro!?) a Ju foi ainda retida por levar um creme para às mãos e uma loção de álcool na bagagem de mão – tem medo da gripe A.
Não resistimos ao serviço de vendas on-air, mas deixamos os perfumes para a viagem de volta, afinal somos muito sensatas. Ainda assim compramos um capuccino da Starbucks e um muffin de chocolate. Ás 15:30 (hora alemã) finalmente chegamos a Berlim depois de uma curta passagem por Frankfurt. Em Lisboa e enquanto aguardávamos o voo aproveitamos para comprar algumas prendinhas de Natal e tirar partido da zona Duty free. No Tie Rack tinham uma promoção fantástica pois na compra de uma echarpe de 69€ (pure cashmere) a segunda ficava com 50% de desconto. O mesmo acontecia com as gravatas. Assim compramos os presentes para os nossos pais (mesmo que o meu se recuse a usar gravata).

O meu amigo Lars, um alemão alto de olhos castanhos, esperava-nos sorridente, dirigi-me até ele e dei-lhe um abraço e um beijinho, só depois me lembrei que os alemães são menos expansivos quando o Lars estendeu a mão para a Ju (gaffe nº1).
-wie geht’s?
-gut und dir?
-Sehr gut - (estou quase a esgotar o meu alemão).
-Sprechen Sie Deutsch? – pergunta o Lars à Ju.
-Ja natürlich - responde. Claro que ela está a brincar, ultimamente costumávamos ter este diálogo para treinar umas frases úteis. Tirando isso os nossos conhecimentos de alemão são nulos.
-Gut. bereits wissen, Berlin?
-No, I mean Yes! I don’t really speak German – explicou - o Lars não insistiu e o resto da conversa foi em inglês.

Berlim é uma cidade vibrante e em Dezembro vive-se o verdadeiro espírito natalício. Dezenas de mercados típicos de Natal ocupam as principais praças da cidade e o cheiro a vinho quente e salsicha alemã acompanham-nos pelas barraquinhas. Às 4h já é noite, mas com as luzinhas e outros adereços natalícios nem damos conta e bebemos mais um copo de vinho quente.
A Ju aprendeu outra frase “drei Glühwein bitte” que é como quem diz "três vinhos quentes por favor".
Dia 1, e tirando as compras no aeroporto ainda mal gastamos, pois o Lars fez questão de pagar o jantar num encantador restaurante italiano (lembra-vos alguma coisa!?). No dia seguinte promete levar-nos a conhecer a cidade. Estamos super cansadas quanto voltamos ao hotel e mal queremos acreditar quando percebemos que passa pouco das 22h (podia jurar que já era madrugada).


Dia 2- City tour ou como se diz em alemão Stadt-Tour (ou algo muito semelhante). O Lars foi incansável contextualizando cada edifício. Percorremos a Under den Linden, a principal avenida de Berlim leste, com paragem obrigatória no Reichstag, Checkpoint Charlie, portas de Brandemburgo e no que restou do muro de Berlim. Estavamos chiquíssimas com os nossos sobretudos e luvas a combinar, mas nem as melhores botas ajudam depois do que andamos e foi com grande satisfação que entramos num centro comercial junto ao Sony Center. Finalmente a sensação de casa, de pertença, o calor do AC, o brilho das luzes, o colorido das vitrines… Mas o Lars tinha outros planos e encaminhou-nos directamente para uma galeria de arte. Eu e a Ju trocamos olhares cúmplices que diriam algo do género “presta bem atenção ao percurso que amanhã regressamos cá!”. Pelo menos bebemos mais Glühwein a caminho do hotel.

Dia 3- Dia reservado à cultura – Como estava a chover era o dia ideal para visitar museus e em Berlim para isso só é preciso ir até à Museums Insel. Mas depois de vermos as primeiras filas enormes à porta do museu egípcio percebemos que provavelmente visitar museus no domingo não terá sido a nossa ideia mais brilhante (ao contrário dos portugueses, em geral os alemães são um povo culto que adora visitar galerias de arte e museus).
-Deixamos os museus para o último dia – sugere a Ju.
-Ok, também estou sem paciência para ficar tanto tempo na fila, alem disso ouvi alguém falar que hoje já só conseguimos bilhetes on-line. Que vamos fazer?

-Para começar vamos espreitar aquelas barraquinhas – e fomos mesmo. Under de Linden é a avenida mais movimentada de Berlim e ao Domingo vários artesãos expõem os seus trabalhos pela rua.
Comprei logo uma agenda de 2010 (em alemão) a uma rapariga que tinha acabado de chegar, era linda e forrada a tecido, muito clássica e feminina, vou fazer sucesso nas reuniões da empresa e só custou 20€. E o facto de estar em alemão é uma óptima vantagem para aprender os dias da semana. Outra coisa que notamos é que aqui não costumam usar sacos e a moça alemã faz-me um belo embrulho artesanal com cartão e fita vermelha.
-Olha que giro! – A Ju está a comprar uns cartões a 3D para colar não sei onde, mas são super amorosos. Mais à frente compramos uns postais.
-Jess quanto dinheiro já gastaste? - a verdade é que prefiro nem pensar, mas dos 200€ que trazia na carteira nem sombra. Para complicar (ou salvar-me da miséria certa) não existem MB dentro dos centros comerciais, mas só em algumas zonas específicas da cidade e tinha deixado o Mastercard na outra carteira. O Visa Electron de pouco serviu e as minhas compras terminaram mais cedo, mas a Ju aproveitou para comprar um vestido para o reveillon e mais umas t-shirts super mega lindas com motivos de Natal e cheias de brilhos.

Último dia e finalmente visitamos os afamados museus de Berlim e outro não tão afamado mas muito divertido. Falo é claro do Madame Tussaud, e lógico que a Ju tirou uma foto bem agarradinha ao Robbie Williams, como o Brad Pit estava atrelado à Angelina (Baaahh) tive que me contentar com uma foto apaixonada com o George Clooney. Foi divertidíssimo! No Pergamon fomos levadas até à Grécia, Síria e Babilónia antiga com os templos em tamanho real. Por pouco não conseguíamos entrar no Museu Egípcio (os bilhetes temporais são uma invenção inteligente mas nós portugueses não somos conhecidos por cumprir horários) e vimos o famoso busto de Nefertiti, mas já estávamos tão cansadas que tudo parecia igual e poeirento, salvo algumas exposições de jóias e bijutaria da antiguidade.

Voltamos à azáfama da capital e descobrimos o “Galeria Kaufhof” em Alexanderplatz a versão Berlinense do “El Corte Ingles” ou melhor da “Macy’s”. 35.000m2 de compras... O paraíso existe!
Logo à entrada encontrei um quebra-nozes por menos de metade do preço daquele que comprei nos mercados de rua, mas facilmente esqueci este incidente, afinal hoje tinha o meu amigo Mastercard e o Visa! Compramos imensas coisas (incluindo Victoria’s Secrets) pois é impossível resistir ao charme daquele espaço tão bem organizado e convidativo. No final tivemos mesmo que comprar uma bolsa de treino para colocar as compras como bagagem de mão ou não teríamos espaço. Na secção desportiva (à procura da bolsa) descobrimos uma área reservada aos desportos de inverno e como andamos a planear umas férias na neve há séculos aproveitamos para comprar umas calças térmicas, as minhas bege e as da Ju rosa claro, gorros, botas e mais acessórios para a neve. Foi um momento de felicidade plena. Experimentamos as roupas e isto tudo enquanto éramos assistidas pelo empregado mais lindo que alguma vez vi, parecia um deus ariano, e quem disse que os alemães são homens frios…

Enfim terminamos em grande, sem subsídio de Natal e basicamente só com o dinheiro suficiente para pagar a renda, mas cheias de espírito natalício.
p.s- Glühwein bitte! LOL