quinta-feira, 29 de julho de 2010

Caipirinhas amargas...



Este título até faz algum sentido, se pensarmos que as caipirinhas levam limas, que são tudo menos doces, mas não é a isso que me refiro… As caipirinhas de que falo, estavam até muito boas…
Tudo aconteceu numa bela noite de Verão…
Eu a Jess e mais uma amiga (Maria) combinamos ir sair. Como não tínhamos destino certo, a Maria perguntou se não queríamos ir ter com uns amigos/conhecidos dela a um bar muito fixe, com bom ambiente, música ao vivo e boas caipirinhas. Dissemos que sim, e lá fomos…
De facto o bar fazia jus à descrição que a Maria tinha feito. Sossegado, sem aquele ruído de fundo em que não se consegue conversar, com música ao vivo, uma decoração exemplar e bem, umas caipirinhas de cair para o lado (no bom sentido), se bem que eu e a Jess, ficamos logo um pouco apoquentadas porque na lista das bebidas não vinha o valor de cada caipirinha (nós gostamos sempre de saber com o que contar) e quase automaticamente, trocamos olhares preocupados como que a dizer: “bebemos só uma, no máximo duas”. Tínhamos levado 25 euros e achávamos que chegava e sobrava, pois ainda íamos para uma disco a seguir onde era noite da mulher. Pois bem, nesta fase do campeonato ainda não sabíamos a nossa triste sina… Convém salientar aqui que a Maria não é assim tão nossa amiga, nada como a amizade que temos uma pela outra, digamos que é uma amiga para saídas e pouco mais. E quando vimos os amigos dela, que por coincidência (ou não) eram 3, ficamos um pouco chateadas, pois eram cromos até dizer chega…
Mas como ela parecia estar interessada num deles lá fizemos o frete… A 1ª caipirinha depressa chegou ao final e quando o barman se dirige à mesa para levantar os copos, um dos amigos, o Raúl, diz-lhe:
- São mais 6, por favor – e pisca-me o olho, enquanto pega nos nossos cartões (das 3) e os coloca no bolso da camisa.
Confesso que fiquei surpreendida e agradada com a atitude do rapaz, até porque eu e a Jess não estávamos a dar importância a ninguém da mesa e íamos mantendo a nossa conversa paralela, indiferentes ao que se passava em nosso redor.
Após este gesto de simpatia começamos a conversar e a conviver com o grupo e caipirinha após caipirinha e aquela conversa da treta e risinhos parvos, característicos de uma noite bem regada, fomos informados pelo barman que teríamos que sair pois queriam fechar…
-Tudo bem – dissemos – Também já se faz tarde para irmos para a Vogue.
Levanto-me e preparamo-nos para sair, uma vez que o Raúl tão gentilmente tinha assumido a despesa dos cartões, quando este se vira e diz:
-Ei, Ju, já te esquecias do cartão! Toma! – diz, esboçando um sorriso.
Juro que por momentos senti o chão a fugir-me dos pés, talvez pelo excesso de bebida ingerida, é certo, ou por ter consciência de que não tinha dinheiro para pagar aquela despesa.
Tentei fazer um rápido cálculo mental de quantas caipirinhas teria bebido, mas confesso que depressa me perdi neste raciocínio. Quando vejo a Jess a vir da casa de banho toda sorridente (e um pouco torta, devo dizer) até tive vontade de pegar nela e fugir. Mas claro que não o podia fazer.
Agarrei nos cartões com o meu melhor sorriso e rapidamente me veio uma solução à cabeça. “Vou dizer que pago com multibanco. Como nunca têm, vão dizer que não é possível e eu digo que só tenho cartão e alguém vai ter que assumir a despesa. Claro que depois digo que devolvo assim que encontrarmos uma caixa automática e o problema está resolvido”. Até consigo ficar um pouco mais calma. Quando me aproximo para pagar, perante o olhar confuso da Jess, digo que vou pagar com cartão ao que o barman responde:
- Com certeza menina, deixe-me só buscar a máquina…
Meus amigos, não sei como não me deu uma coisa naquele momento. Não sei o que o meu corpo estava a fazer mas dei por mim a remexer na carteira e a dizer em altos gritos:
- Não acredito que perdi o cartão!
Todos diziam para procurar melhor na carteira. A Maria sugeriu ver melhor no porta moedas que a Jess se prontificou a verificar (ela percebeu logo a situação) e com um trejeito infeliz, disse : - Aqui não está!
Ia ser bonito se abrissem o porta moedas e vissem os 3 cartões, cada um mais “teso” que o outro…
Contas feitas, a minha despesa e a da Jess dava 44 euros. Sim, bebemos 8 caipirinhas e o preço de cada uma era 5,50€.
Disse à Maria que tinha 25 euros em dinheiro. Ela disse que punha o resto, para não me preocupar, que acontece a todos e que era melhor ligar à policia a avisar e a perguntar se o meu Banco tinha serviço de furto 24h… Eu disse que não valia a pena, mas o Raúl (cromo, otário, deficiente, #=)$%$#) disse que a Maria tinha toda a razão.
Pois bem, imaginem a minha triste figura às 4 h da manhã, na porta de um bar, um bocado bêbeda a comunicar à polícia um cartão que nunca chegou a ser perdido…

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